sexta-feira, 20 de novembro de 2009

A EDUCAÇÃO TRANSFORMANDO VIDAS: MEMORIAL DE NAEDJA GUEDES

Desde criança, sempre tive um grande desejo: “Ser professora”.
Eu nasci no final dos anos 60, em uma pequena cidade chamada Belém do São Francisco, batizada com este nome porque é localizada exatamente as margens do Rio São Francisco. Lugar de infinita beleza e que respirava educação, e todos os exemplos que tínhamos de pessoas vencedoras, independente da sua raça, religião ou situação financeira, haviam conseguido este feito graças a educação.
Na minha família não podia ser diferente, minha mãe tinha oito filhos e estava grávida de mim quando se separou de meu pai, e veio morar na cidade, conseguiu um trabalho como Auxiliar de Serviços Gerais no Hospital Dr. José Alventino Lima. Desde o início ela soube que teria que se desdobrar para nos sustentar, pois o salário que recebia não cobria os nossos custos. Então, ela passou a costurar para aumentar a nossa renda e podermos sobreviver com dignidade, mas nunca perdeu de vista o seu principal objetivo que era ver seus filhos todos formados. O que veio acontecendo desde o ano de 1976 com a formatura em Petrolina de minhas duas irmãs mais velhas que logo passaram a trabalhar e iniciaram um curso na Faculdade de Formação de Professores de Petrolina.
A ajuda financeira já começava a chegar aos poucos, enquanto isso no ano de 1979, mais uma das minhas irmãs também se formou no magistério e como as outras, deixou nossa cidade e mudou-se para Petrolina, onde também conseguiu um emprego e entrou na Faculdade. Em 1981 o nosso sonho de morarmos todos juntos novamente se realizou, finalmente, minhas irmãs trabalhando como professoras conseguiram nos trazer para Petrolina, onde começamos uma nova vida, mas sempre tendo a educação como aliada na melhoria da qualidade de vida de todos nós. Com o decorrer dos anos minhas duas irmãs, com a idade próxima a minha, também se formaram, sendo que uma não quis ser professora.
Chegou a minha vez de realizar o meu desejo, cursar o magistério e me formar, e foi o que aconteceu em 1991 fui a 5ª filha de D. Júlia que tinha se tornado uma professora.
Com dezoito anos eu já trabalhava com crianças em escolas da rede particular, escolhi então o curso de Pedagogia com o qual sempre me identifiquei e cursei com muita determinação aquele curso que eu iria me dedicar até os dias de hoje.
Ingressei na rede municipal de ensino da cidade de Petrolina no ano de 1994 através de concurso, mas o que eu mais queria era ser igual as minhas irmãs: Professora do Estado de Pernambuco, e consegui! Em 1997 eu passei no concurso do Estado, e foi para mim mais um sonho realizado. Fiquei trabalhando com 200h. no município e 150h. no Estado e foi nesse período de dedicação exclusiva ao magistério que eu fui premiada com um curso de pós-graduação e uma TV de 29 polegadas por ter sido considerada a melhor professora da rede municipal de Petrolina do ano de 1999.
Sempre trabalhei com turmas do 1º ao 5º ano e EJA em escolas da periferia de Petrolina, onde adquirir experiências que contribuíram para que eu me tornasse um ser humano e profissional melhor.
Fui coordenadora de duas escola da rede municipal através de seleção interna por dois anos e atualmente sou professora da 2ª fase de EJA.
No Estado sempre esperei que abrisse seleção para educador de apoio, o que ocorreu em 2007 e com muito estudo atrelado a determinação, eu conseguir passar e exercer, desde então, essa função que muito me orgulho.
Estou tentando na medida do possível contribuir para a melhoria da qualidade do ensino da Escola Professor Humberto Soares. E como diz Paulo Freire: "Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa, por isso aprendemos sempre". Somos eternos aprendizes.
Maria Naedja de Sá Guedes

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

OFICINA TP3, POR ADNA MACIEL

GESTAR II
CURSISTA: ADNA MACIEL S. CAMPOS SOUTO

TP3 - GÊNEROS E TIPOS TEXTUAIS

A DIVERSIDADE DE GÊNEROS TEXTUAIS: FACILITANDO A LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS

Nas últimas décadas tem se percebido a existência de uma reflexão mais pragmática a respeito do ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa, especificamente ao referir-se ao ensino de produção de texto na escola. Há um entrelaçamento nas atividades de leitura e escrita, mas existem determinadas partes que as diferem e que precisam ser conhecidas pelo aluno para que se ampliem suas competências discursivas.
Sabe-se que, durante muito tempo, ou até recentemente, o ensino de produção de texto era feito por meio de um procedimento único, como se todos os tipos de textos fossem iguais e não apresentassem determinadas dificuldades.
Quando se propaga que o professor deve preparar o aluno para a vida, significa que ele deve estar atento para a realidade de vida que seu aluno enfrenta. O ensino de produção de texto pela perspectiva dos gêneros compreende que o resultado é mais satisfatório quando se coloca o aluno, desde cedo, em contato com a diversidade textual nas atividades cotidianas, fazendo com que haja a observação dessa diversidade, como ocorrem e cooperam na formação das atividades comunicativas do seu cotidiano, e isto é bem observado na teoria bakhtiniana que parte do princípio de que a língua é um fato social cuja existência funde-se na necessidade de comunicação. (BAKHTIN, 2003, pág.270).
Atualmente, os gêneros textuais têm assumido um papel relevante, não só dentro da leitura e escrita, mas para a sociedade, visto que para cada situação de vida, há um gênero de texto; então, no decorrer da vida do indivíduo, são produzidos diversos textos com suas funções e características.
Segundo Marcuschi (2002, pág.45), as novas tecnologias, em especial as ligadas à área de comunicação, propiciaram o surgimento de novos gêneros textuais, pensando-se na intensidade dos usos desses recursos tecnológicos e suas interferências nas atividades comunicativas.
A sala de aula torna-se um espaço privilegiado para se reconhecer e tomar consciência de como os diferentes usos que se faz da língua está realizando gêneros.


RELATO DAS ATIVIDADES REALIZADAS EM SALA
TURMA: III FASE – EJA
TP3 UNIDADES: 09, 10,11
O trabalho com gêneros textuais é muito prazeroso e dinâmico. A atividade realizada na turma foi uma decisão coletiva do nosso grupo de estudo, quando nos propomos a utilizar envelopes com diversos textos de gêneros variados, e levar o aluno a manter um contato mais direto com o mundo textual, familiarizando-se com novos textos ou reconhecendo os que já são parte do seu cotidiano.
Ao utilizarmos essa dinâmica, pudemos abordar as unidades do TP3 de maneira completa e eficaz. Elaboramos algumas etapas a serem seguidas de acordo com cada objetivo das unidades 9, 10 e 11.
Assim, na realização da atividade, os alunos deveriam identificar:
. diferenças e semelhanças na organização de textos utilizados em diversos contextos de uso lingüístico;
. características que levam à classificação de um gênero textual;
. o conteúdo temático;
. a finalidade de cada texto;
. a tipologia textual e
. distinguir características de gênero literário e de gênero não-literário.
Inicialmente os alunos agruparam-se espontaneamente; depois entreguei os envelopes com os textos e pedi que eles os observassem, lessem, admirassem, mostrassem aos colegas do grupo. Fui deixando que eles se familiarizassem com os textos, num tempo pré-determinado.
Alguns já queriam saber pra que era tanto texto, que atividade seria realizada, entre outras indagações, demonstrando ansiedade e motivação pelo novo.
Fui guiando-os para a realização de cada etapa do trabalho, sem opinar, apenas levando-os a concluírem ou discutirem as respostas, chegando a uma situação comum ao grupo. No início foi bem difícil fazê-los falar, mas no decorrer das aulas, eles foram se “soltando” e expressando melhor suas idéias e dúvidas.
Percebi que eles facilmente identificam os gêneros que fazem parte de suas vidas, bem como as finalidades e características de cada um. Alguns apresentaram dificuldades na leitura de charges e outros textos não-verbais sendo necessária a intervenção da professora para a compreensão dos mesmos.
Outro momento que observei foi que eles não estavam lendo os textos, apenas olhavam e passavam para o texto seguinte. Só após entenderem que deveriam compreender as intenções dos textos e da atividade proposta, voltaram para fazer a releitura.
Todos acharam interessante o trabalho com os textos não-escolares.
Finalmente, considerei a oficina produtiva, tendo seguramente alcançado os objetivos propostos.

MEMORIAL DE SAMIRA CARLA

“Sem sonhos não há fôlego emocional. Sem esperança não há coragem para viver.”
(Augusto Cury- Pais brilhantes, professores fascinantes.)

Neste memorial proponho-me a falar um pouco sobre mim, para que me conheçam como pessoa e profissional que sou.
Sou a segunda filha, pois o primeiro filho da minha mãe não sobreviveu, devido problemas de incompatibilidade sanguínea dela com o meu pai.
Já sou vitoriosa desde o nascimento, pois foi diagnosticado pelo médico que os filhos da minha mãe só nasceriam sem problemas físicos ou mentais o primeiro e último. Eu, como já disse, sou a segunda e felizmente nasci sem nenhuma necessidade especial.
Meus pais deram-me o nome de Samira Carla, que foi uma sugestão da prima de minha mãe, a qual é muito querida por todos nós. Sou uma pessoa carinhosa, solidária, mas com personalidade firme e marcante. Quando desejo algo nunca desisto, acredito sempre nos sonhos, pois são eles que me tornam alguém melhor e me conduzem ao sucesso.
Nasci em Petrolina-PE, desde pequena meus pais sempre me ensinaram a valorizar os estudos e me ajudaram muito no meu processo de aprendizagem.
Sempre fui apaixonada pelas letras, isso me ajudou na compreensão de assuntos dentro e fora do ambiente escolar.
Aprendi a ler com minha avó paterna Terezinha, que adora contar histórias e apesar de não ter tido a oportunidade de estudar é uma pessoa que ensinou os filhos e os netos a valorizar o estudo.
Na escola, sempre me destaquei como uma aluna estudiosa e de bom desempenho, apesar de ser bastante tímida, barreira que só consegui vencer na faculdade, graças aos meus professores.
Foi no Ensino Fundamental II onde descobri que amava a matéria de Língua Portuguesa e a partir daí iniciou-se meu caso de amor com os livros.
Lia muito todo livro que via pela frente, a moça da biblioteca da escola onde eu estudava ( Colégio Dom Bosco) me apelidava de “barata de biblioteca”, pois vivia lá na hora do recreio pedindo livro emprestado para ler. Nunca me incomodei com o apelido, no final do ensino fundamental eu já tinha lido 80% de todos os paradidáticos que existiam lá.
Fiz o Ensino Médio regular na Escola Estadual de Petrolina e curso técnico de Agroindústria no CEFET Agrícola. Terminei tudo, mas não me identifiquei com o curso técnico e fiz vestibular para Letras. Consegui passar no segundo vestibular, sendo que meu objetivo não era lecionar.
Aos poucos fui me apaixonando pelo curso e no segundo período iniciei minha trajetória em sala de aula.
Venci muitos preconceitos por causa da minha idade- algumas pessoas me achavam nova demais-, e ultrapassei barreiras difíceis durante o meu período acadêmico.
Tive meu primeiro filho quando ainda estava cursando e apesar das grandes dificuldades consegui terminar o meu curso sem repetir nenhum semestre.
Alguns professores marcaram bastante a minha vida pessoal e profissional como Yolanda Almeida, Isva Modesto, Claudete Galvão, Francisco de Assis e Neide. Cada um com suas particularidades, mas todos com o mesmo objetivo: “Educar encantando e criando idéias”.
Passei por experiências maravilhosas e marcantes, como PREVUPE (cursinho pré-vestibular promovido pela FFPP – Faculdade de Formação de Professores de Petrolina), nele consegui entender como era importante o meu papel de facilitadora para os meus alunos. Adquiri muito respeito dos mesmos pelo trabalho que desenvolvi com eles.
Terminei meu curso em julho de 2006 e consegui ser aprovado no concurso público da rede estadual de ensino de Pernambuco, meu atual emprego, onde tento colocar em prática da melhor maneira possível o que aprendi com meus mestres e as formações que faço.
Sei que nosso país ainda tem muito o que melhorar na educação, mas estamos em busca dessa melhoria constantemente.
Ouvi algo interessante assistindo o filme Kung fu Panda com meu filho de um mestre: “ O passado é história, o futuro um mistério e o presente uma dádiva, por isso se chama presente.” E, sem querer levei para a educação: temos que ver o nosso presente como uma dádiva em que nossas ações possam refletir na melhoria do futuro.

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Sequencia didática, por ADNA MACIEL

OFICINA TP4 – UNIDADE 14 – SEÇÃO 3 – AVANÇANDO NA PRÁTICA


Na apresentação do TP4, há um comentário breve dos autores do livro, reconhecendo os assuntos abordados como os mais esperados por nós. Sem dúvida, leitura e produção de texto são os eixos do nosso trabalho e, digamos assim, o nosso “sonho” insistente, diário, que queremos tornar real em cada um dos nossos alunos. Fazer com que os mesmos entendam os processos de leitura e escrita como instrumentos de apoderamento.


Conhecimentos prévios interferem na produção de significado do texto?

OBJETIVO DA SEÇÃO:

Conhecer a amplitude e o papel do conhecimento prévio na leitura.

Breve relato da experiência:

Escolhi esta atividade para a turma, relembrando que o conhecimento prévio é não somente o que o aluno já sabe, mas também o conjunto de valores que ele carrega pela vida e as interferências a que ele está exposto no decorrer de suas experiências vividas.
Levei para a sala o poema “Cidadezinha Qualquer”, de Drummond. Escrevi o título no quadro e esperei a reação dos alunos, ao perguntar-lhes o que aquela frase ou expressão significaria para eles. Foram unânimes em dizer que: “é uma cidade pequena”,ou “ é uma cidadezinha do interior” ou ainda, “ um lugar bem sem graça”. Em seguida, escrevi o poema e passamos ao trabalho com o texto como foi sugerido na atividade “avançando na prática”. Alguns alunos leram, eu li, e fizemos uma leitura mais detalhada do poema: lemos a biografia do autor, levando-os a imaginar a cidade natal do poeta descrita no poema.
Cada verso foi bastante comentado pelos alunos e fui orientando a respeito da estrutura do poema, como os versos foram escritos, sempre mostrando a intenção do autor em escrever desse modo tão específico. Todos se admiraram da linguagem simples do poeta, e relacionaram ao tema da simplicidade da cidade. Também acharam interessante o verso: “Eta vida besta,Meu Deus!” até porque, faz parte do vocabulário deles( ou nosso).
Nas aulas seguintes, levei a música “Petrolina, Juazeiro” de Jorge de Altinho e pedi-lhes para que cantássemos. Por serem tímidos, só cantaram depois que fechei a porta da sala. Cantamos várias vezes. Em seguida, pedi a eles que fizessem uma leitura detalhada da letra, procurando observar as posturas diferentes diante das cidades. Alguns alunos expressaram opinião oralmente, relacionando as diferenças na linguagem, nas palavras usadas, a estrutura poética, etc.
Solicitei a produção de texto sobre a cidade em que moravam ou sobre a cidade dos sonhos. Como estudamos a estrutura do poema, pedi-lhes que escrevessem nesse gênero.
Trabalhamos mais duas aulas com a reescrita dos textos, onde observamos a ortografia, o uso dos adjetivos, a concordância e a coerência do texto.
Foi uma atividade muito prazerosa e com bons resultados da parte dos alunos. Percebi-os mais desinibidos ao expressarem opiniões oralmente.


SEQUÊNCIA DIDÁTICA

TP4 SEÇÃO 3

Avançando na prática
Objetivo: Conhecer a amplitude e o papel do conhecimento prévio na leitura.


Temáticas exploradas
A cidade, a morosidade da cidade interiorana, a cultura do povo, a valorização do lugar onde se vive, o trabalho.

Análise lingüística
Substantivos, adjetivos, artigos e interjeição.
Pontuação.
Concordância.
Variação linguística.
Tipo de textos: narrativo/descritivo
Análise do gênero
Estrutura do poema: a estrofe e o verso
Paralelismo
Intencionalidade e interlocutores dos textos em estudo.
Produção textual
Produção de poemas sobre a cidade onde vive ou sobre um lugar que deseja conhecer
Avaliação
Expressar-se com objetividade nas questões orais;
Observar na produção de texto, se o aluno escreve com expressividade, coerência/coesão e se estrutura o poema em estrofes e versos.
Reescrita
Observando os critérios da avaliação, promover a reescrita dos textos e realizar os estudos de análise linguística nos textos dos alunos e nos poemas que foram usados como base.



Observação: Esta seqüência didática foi vivenciada em 12h/a.
TURMA: 3ª FASE – EJA TURNO: NOTURNO



TEXTOS DOS ALUNOS:


PETROLINA, MINHA CIDADE!

Ó Petrolina, minha cidade bela!
Tão bela como o rio São Francisco
Cidade que só me dá alegria.

Quando aqui cheguei,
Era um bebê de braço.
Cresci e me adaptei
A esta cidade linda!
Hoje não quero mais ir embora
Deste lugar tão bonito,
Desta cidade querida,
Cidade de Petrolina!
(Reginaldo Martins)


A CIDADE DE PETROLINA

Moro numa cidade muito boa
Por sinal, dar pra viver e trabalhar.
Gosto de olhar a beira do rio,
Passear na orla,
Apreciar a natureza.
Também gosto de ir ao shopping,
Ver todas as belezas da cidade.

Só não gosto da negligência
Com os carentes de saúde.
O abandono dos postos e o atendimento defeituoso.
Fico triste com os mendigos e pedintes da cidade
E mais ainda com algumas pessoas
Que falam de amor e humildade.

(Aurinete)


A CIDADE DOS MEUS SONHOS

Quando escuto o nome Rio de Janeiro
Já me pego sonhando:
O dia em que eu chegar nessa cidade
Pra ver o Cristo Redentor.
Ir à praia de Copacabana e passear no Leblon.
Esse é um dos meus sonhos
Que quero realizar
Quero ver cada pedacinho dessa cidade maravilhosa.
Quero entender por quê
Ela é maravilhosa.
Olhando pela TV, me vejo andando no calçadão.
Olhando os turistas no pão de açúcar,
Tomando água de coco nas praias.
Pela fé que tenho em Deus
Vou realizar o meu sonho.
E quando eu voltar de lá
Vou ter muito que lhe contar.

( Maria Danúbia)



MINHA CIDADEZINHA

Casas num vilarejo.
Com muita paciência as
Mulheres andam
Pra debaixo de uma laranjeira
Contando histórias.

Contando histórias de amor,
De vida, de calor.
As pessoas devagar num passo...
Vão levando o ar
Na vida de sofrimento
Num passo sem argumento.

Meu Deus, as pessoas olham!
Da janela, duma grande folha.
Parece uma passarela,
Grande vida de solidão...
Ô, pobre!!!
(Aucilene Gonçalves)

Memorial de Celma

Nasci em Serra Talhada, sertão do Pajeú, persistente e teimosa como a catingueira. Sou a segunda de cinco irmãs. Minha família sempre foi meio nômade – meu pai é funcionário aposentado da CELPE e, em virtude do trabalho, era transferido de cidade a cada três anos. Sou casada há vinte anos e tenho dois filhos maravilhosos.

Aprendi a ler numa escolinha comunitária mantida pela Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, em Vitória de Santo Antão. Promovida para a primeira série do Primário, fui estudar no Grupo Escolar Mariana Amália e lá permaneci até a terceira série.
Minha família teve que regressar à minha cidade natal e fui matriculada na quarta série no GENIC – Ginásio e Escola Normal Imaculada Conceição, entidade ligada à rede particular de ensino, onde permaneci até a sétima série do curso ginasial.

Atendendo mais uma vez às demandas profissionais do meu pai, fomos morar em Belém do São Francisco. Lá fui matriculada na Escola Tercina Roriz e, sob a batuta de Dona Dulcinéia e Dona Maria do Carmo, descobri a paixão pela leitura e pela língua portuguesa. Após a conclusão do ginásio decidi fazer Magistério no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio. Aprendi muito! Encantei-me pela sapiência de Dr. Alípio e pela elegância de Dona Odete. Não tinha mais dúvidas. Seria professora. Conclui o curso em 1986 e, ainda neste ano, fui aprovada no vestibular do CESVASF- Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco, no curso de Letras.

Em 1987 fui aprovada no concurso para professor promovido pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco e fui lotada na Escola de Aplicação Dr. Alípio Lustosa de Carvalho, lecionando numa turma de primeira série.
Em 1989, casei-me, abandonei a faculdade, pedi demissão e retornei à Serra Talhada. Fui mãe aos vinte anos e enveredei por outros caminhos: passei a ser funcionária da Secretária de Saúde. Em 1993, a saudade da sala de aula falou mais alto e voltei para educação através de concurso público. A dificuldade de conciliar a jornada de trabalho me fez abandonar a sala de aula novamente.

Em 1997, já morando em Petrolina, voltei para a sala de aula e para a faculdade. Prestei concurso, lecionei na escola Profa. Wilma Wzely e na escola Francisco Xavier dos Santos . Mas a burocracia não me permitiu acumular o cargo da saúde e o da educação, por isso, mais uma vez, pedi demissão.

Antes que pareça “estória de trancoso”, em 2005, decidi optar por aquilo que de fato me completava enquanto profissional: a sala de aula e sendo aprovada no concurso deste ano, retornei à educação. Em 2006 me submeti a outro concurso e hoje, tenho dois contratos, leciono na escola Dom Antonio Campelo. Fiz especialização e almejo o mestrado na área de Análise do Discurso. Demagogias e frases feitas à parte, sei que faço a diferença e reconheço a importância do meu trabalho.

Uma das coisas que mais aprecio no trabalho como professora é a necessidade de estudar sempre. O GESTAR tem sido uma experiência extremamente gratificante. O material é primoroso, a interação com os companheiros é valiosa e, acima de tudo, o desafio de registrar experiências e de ser, de fato, um pesquisador é instigante.
Amo a vida, sou feliz. Tenho uma família abençoada e como não tenho o dom da poesia, peço licença ao poeta maior – Fernando Pessoa, para sintetizar o meu sentimento diante da vida:
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir passar o vento, já vale a pena ter nascido.”

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

TP 5, por Nazarete Mariano

Atividade da unidade 18 - atividade 5

Tendo como objetivo caracterizar o sentido do texto não verbal a partir do estilo de Mauricio de Souza, foi trabalhada a tirinha do AA5 da página 45,observando o estilo desenvolvido nas sequências dos quadrinhos, bem como a coerência na construção das idéias, em que os alunos iriam observar as sequências dos fatos

Após a análise dos quadrinhos foram desenvolvidas as questões existentes para essa atividade, entre elas os alunos produziram as falas com relação a cada quadrinho.
Observei, nesta atividade, que muitos alunos não conhecem a turma da Monica, apesar de serem Jovens e Adultos, diante de tal fato, foi feita a leitura sobre a biografia de Mauricio de Souza e sua importância para o gênero em questão, retratando as características própria do seu estilo, pois os estudantes não tinham contato com a leitura de gibis no decorrer da vida. Foi proposto portanto, a criação de uma caixa de leitura sobre gibis para uso em sala de aula, estamos na fase de doação dos gibis.

Outra observação pertinente, foi sobre a compreensão por parte dos alunos em relação ao gênero em questão, os mesmos tiveram um pouco de dificuldade para responder as questões escritas, porém em relação a interpretação oral houve bastante facilidade.
Segue um exemplo de atividade desenvolvida pela aluna, os demais fizeram a escrita com lápis e não deu colar no scanner.
A partir dessa atividade, dei continuidade aos trabalhos voltados para a coerência a partir dos enlaces das idéias. Nesta atividade foram trabalhadas tanto a coerência como a coesão na produção do texto. Segue a atividade de coesão e coerência.
Atividade 6 – Coesão e Coerência – Profª Nazarete Mariano
Abordei, essa atividade, de maneira lúdica e prazerosa. Trabalhei, a partir da atividade proposta no AA5 pg 95, com o enlace das idéias. Objetivando a análise da construção da coerência em textos, e como se constrói as idéias a partir de conectivos de ligação.
1ª etapaà Os alunos foram respondendo as perguntas que eram feitas por mim, de maneira objetiva e simples, no total de 10 questões. Aparentemente coerentes perguntas e respostas sem muitas surpresas. Fiz mais uma série de 10 perguntas para que os alunos respondessem com as mesmas respostas dadas para as 10 primeiras perguntas e o lúdico e o prazeroso ocorreu nessa segunda parte. Pois a segunda parte das perguntas não estava coerente com as respostas dadas pelos alunos.
Partindo desde ponto foi desenvolvida discussão a respeito do sentido do texto e suas conexões para o dialogo entre os interlocutores de uma situação comunicacional em uso efetivo.
1ª parte das perguntas:Os alunos ficaram bastante a vontade para responder aos comandos solicitados e perceberam a importância da coerência a partir da falta de sentido obtida em cada resposta.
Aproveitei as 10 respostas dos alunos(as) e solicitei um texto de cada aluno que envolvesse as respostas que eles construíram. Abaixo segue um texto de um dos alunos, solicitado e autorizado para se trabalhar a coerência e a coesão a partir da análise coletiva. O texto foi colocado na íntegra em transparência.

“Eu e meu amigo - Aluno (a) Quarta fase – Escola Raulino
Olha tenho um amigo chamado Eraldo ele e natural de Afrânio mora no bairro cosmidanião tem 26 anos tem três filho é um rapais religioso gosta muito de ir a missa tem um certo gosto por camisa vermelha adora conversa com as pessoas tem pavor a violência gosta de acorda as 9:00 horas da manhã.
as vezes saímos junto com 100 reias para um grande show de nosso cantor preferido e Zezé de Camargo e Luciano aus sábado si reunimos eu eles e os nossos amigos para a sistir o programa rau Gil.
E aumocamos juntos au domigo uma bela feijoada.”

O texto acima foi colocado no retroprojetor para que os alunos, coletivamente e sem nenhuma situação que pudesse constranger o autor do texto, para a discussão em relação ao sentido e aos termos que ligam uma idéia a outra.
De imediato o que os alunos observaram foi a inadequação da norma culta e relação a ortografia, com as intervenções da professora foi observado também as repetições, a concordância, a estética do texto, enfim o texto foi analisado como um todo.
A medida que os alunos iam fazendo suas colocações, estava surgindo no quadro uma reescrita coletiva, pois os alunos faziam as colocações e a professora escrevia no quadro.
Portanto, a reescrita coletiva ficou da seguinte maneira:

Observei que mesmo fazendo o texto a partir das idéias e dos elos que ligam um termo a outro, alguns alunos ainda fazem a transposição do quadro para o caderno, esquecendo de alguns acentos, de S ou R. Mas, foi um trabalho bastante proveitoso pois os próprios alunos perceberam a real necessidade de melhorar a escrita para que os textos tenham uma sequência de sentido, sem falar do estilo e estética na produção textual.
Para dar continuidade ao trabalho de coesão, conseqüentemente desenvolver e revisar a classe dos pronomes, foi entregue a cada aluno uma cópia do texto “ Apólogo de Machado de Assis, para trabalhar: os pronomes e os termos de retomada e antecipação a partir da classe gramatical em questão.
ATIVIDADE PARA QUARTA FASE: Trabalhar os conectivos de ligação (coesivos) e o sentido do textos (coerência)
Aluno: --------------------------------------------------------------- Data: -------/----------/--------
Leia texto abaixo prestando atenção aos conectivos em destaque e responda:

"Um apólogo
Era uma vez uma agulha, que(1) disse a um novelo de linha:
- Por que você (2) está com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste(3) mundo?
- Deixe-me (4), senhora(4).
- Que a (5) deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe (5) digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me (6) der na cabeça.
- Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu(7) ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe (8) deu. Importe-se (9) com a sua vida e deixe a dos outros.
- Mas você (10) é orgulhosa.
- Decerto que sou.
- Mas por quê?
- É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem os(11) cose, senão eu(12)?
- Você? Esta agora é melhor. Você que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
- Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço a outro, dou feição aos babados...
- Sim, mas que vale isso(13)? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
- Também os batedores vão adiante do imperador.
- Você é imperador?
- Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto(14), quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que(15) tinha a modista ao pé de si(16), para não andar atrás dela(17). Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana, para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
-Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta(18) distinta costureira só se importa comigo(19); eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles(20), furando abaixo e acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela(21), silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe(22) dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se(23). A costureira, que(24) a(25) ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
- Ora, agora diga-me(26), quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
- Anda, aprende, tola. Cansas-te(27) em abrir caminho para ela e é ela que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu(28), que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
- Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!"

Machado de Assis. Contos. 18.ed. São Paulo, Ática, 1994 p.89.



1 – Preencha o quadro abaixo, com base nos conectivos em destaque do texto acima.

N.
PALAVRA (S) CLASSE GRAMATICAL TERMO RETOM. OU ANTECIPADO

QUE

VOCÊ
NESTE
ME
SENHORA
A
LHE

ME
MEU

LHE

SE

VOCÊ
OS

EU
ISSO
NISTO
QUE
SI
DELA
ESTA

COMIGO

ELES

ELA

LHE

SE

QUE

A

ME

TE
EU

Primeiro, os alunos tentaram fazer a atividade individualmente, depois foi retomada junto com a professora, para que a compreensão acontecesse de forma integral, atingiu o resultado esperado, pois os alunos chegaram a conclusão que não precisa repetir uma mesma palavra diversas vezes no texto sem necessidade e perceberam que há outras palavras que pode substituir uma palavra ou termo por outro, sem que o texto perca o sentido.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Oficina coesao e coerencia, por Antonia Reis

Relatório da Oficina


Foram utilizadas quatro aulas para desenvolver as atividades (aula 2 do AAA 5) programadas, as mesmas eram referentes à coerência em textos não verbais, com o objetivo de caracterizar a coerência nos mesmos.

Inicialmente a sala se dividiu em duplas, as mesmas se formaram de maneira espontânea, logo após foi entregue as cópias do texto para que os alunos observassem e fosse feita a leitura sobre a autora, para que eles soubessem a importância dela para a produção nacional de livros infanto-juvenis. Depois disso foi dada a orientação para que os alunos procurassem as pistas (detalhes gráficos) dos quadros, das imagens que auxiliassem a construção da sequência da história (um gesto, uma expressão, um movimento, um objeto, etc.), para assim poderem ordenar a história, observando a sequência correta.

No segundo momento, os alunos deveriam recontar, em um texto verbal, a história que tinha sido colocada em ordem, utilizando palavras como: então, logo depois, assim que, mais tarde, depois disso, nesse momento, por isso, porque, pois, mas, entretanto, portanto.

No terceiro momento, ouve a discussão sobre os seguintes questionamentos: Quais foram as pistas que você encontrou nas imagens para ordenar os quadrinhos da história da Bruxinha Atrapalhada? Imagine que, na ordenação dos quadros, um aluno da turma tenha trocado os dois últimos quadros da sequência. Seria possível a mesma? Por quê?

O legal é que quase todos os alunos conseguiram ordenar a história de acordo com a sequência esperada, conseguiram perceber a ironia presente no quadro, ou seja, ao varrer os cacos, a Bruxinha os joga para debaixo e atrás da folha, criticando um comportamento das pessoas semelhante a este, que é o de varrer a sujeira para debaixo do tapete. E que se os quadros forem invertidos, não, haveria relação entre a atitude da bruxa e sua expressão de disfarce, ao sair cantarolando. E ainda, perceberam que as palavras que eles utilizaram para escrevê-la serviram para ligar as partes do texto de modo que se tornasse coerente.

Finalmente houve a socialização dos textos. O resultado foi belíssimo, os alunos cada dia mais empenhados nas atividades, participando de forma assidua e nós como educadores ficamos, felizes, satisfeitos com os resultados, uma vez que, vemos os nossos objetivos sendo alcançados.