segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Memorial de Celma

Nasci em Serra Talhada, sertão do Pajeú, persistente e teimosa como a catingueira. Sou a segunda de cinco irmãs. Minha família sempre foi meio nômade – meu pai é funcionário aposentado da CELPE e, em virtude do trabalho, era transferido de cidade a cada três anos. Sou casada há vinte anos e tenho dois filhos maravilhosos.

Aprendi a ler numa escolinha comunitária mantida pela Paróquia de Nossa Senhora da Vitória, em Vitória de Santo Antão. Promovida para a primeira série do Primário, fui estudar no Grupo Escolar Mariana Amália e lá permaneci até a terceira série.
Minha família teve que regressar à minha cidade natal e fui matriculada na quarta série no GENIC – Ginásio e Escola Normal Imaculada Conceição, entidade ligada à rede particular de ensino, onde permaneci até a sétima série do curso ginasial.

Atendendo mais uma vez às demandas profissionais do meu pai, fomos morar em Belém do São Francisco. Lá fui matriculada na Escola Tercina Roriz e, sob a batuta de Dona Dulcinéia e Dona Maria do Carmo, descobri a paixão pela leitura e pela língua portuguesa. Após a conclusão do ginásio decidi fazer Magistério no Colégio Nossa Senhora do Patrocínio. Aprendi muito! Encantei-me pela sapiência de Dr. Alípio e pela elegância de Dona Odete. Não tinha mais dúvidas. Seria professora. Conclui o curso em 1986 e, ainda neste ano, fui aprovada no vestibular do CESVASF- Centro de Ensino Superior do Vale do São Francisco, no curso de Letras.

Em 1987 fui aprovada no concurso para professor promovido pela Secretaria de Educação do Estado de Pernambuco e fui lotada na Escola de Aplicação Dr. Alípio Lustosa de Carvalho, lecionando numa turma de primeira série.
Em 1989, casei-me, abandonei a faculdade, pedi demissão e retornei à Serra Talhada. Fui mãe aos vinte anos e enveredei por outros caminhos: passei a ser funcionária da Secretária de Saúde. Em 1993, a saudade da sala de aula falou mais alto e voltei para educação através de concurso público. A dificuldade de conciliar a jornada de trabalho me fez abandonar a sala de aula novamente.

Em 1997, já morando em Petrolina, voltei para a sala de aula e para a faculdade. Prestei concurso, lecionei na escola Profa. Wilma Wzely e na escola Francisco Xavier dos Santos . Mas a burocracia não me permitiu acumular o cargo da saúde e o da educação, por isso, mais uma vez, pedi demissão.

Antes que pareça “estória de trancoso”, em 2005, decidi optar por aquilo que de fato me completava enquanto profissional: a sala de aula e sendo aprovada no concurso deste ano, retornei à educação. Em 2006 me submeti a outro concurso e hoje, tenho dois contratos, leciono na escola Dom Antonio Campelo. Fiz especialização e almejo o mestrado na área de Análise do Discurso. Demagogias e frases feitas à parte, sei que faço a diferença e reconheço a importância do meu trabalho.

Uma das coisas que mais aprecio no trabalho como professora é a necessidade de estudar sempre. O GESTAR tem sido uma experiência extremamente gratificante. O material é primoroso, a interação com os companheiros é valiosa e, acima de tudo, o desafio de registrar experiências e de ser, de fato, um pesquisador é instigante.
Amo a vida, sou feliz. Tenho uma família abençoada e como não tenho o dom da poesia, peço licença ao poeta maior – Fernando Pessoa, para sintetizar o meu sentimento diante da vida:
“Às vezes ouço passar o vento; e só de ouvir passar o vento, já vale a pena ter nascido.”

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