terça-feira, 21 de abril de 2009

A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS

A PSICANÁLISE DOS CONTOS DE FADAS/ Bettelheim, Bruno; Tradução de Arlete Caetano, Rio de Janeiro. 6ª. Ed. Paz e Terra, 1980.
Resenhado por Nazarete Andrade Mariano – Profª de Língua Portuguesa da Escola Poeta Raulino Sampaio.

As estórias contadas ou narradas através dos contos de fadas, permeiam os arredores da nossa infância, com lembranças deliciosas dessas leituras que foram feitas nessa fase da vida. Ao ler trecho da obra “ A psicanálise dos contos de fadas” de Bruno Bettelheim, o leitor se depara com a necessidade que as pessoas tem de encontrar os significados e seus significantes para si e para vida, talvez entender e buscar explicações para o grande universo infantil, ora real, oral imaginário e mágico.
Nessa perspectiva, Bettelheim leva-nos a refletir de que “muitos perderam o desejo de viver, e pararam de tentá-lo, porque tal significado escapou”. Afirmando também que é preciso construir a maturidade psicológica. Com isso, leva as pessoas a contemplar quais os conhecimentos vividos pelas crianças que são pertinentes à promoção de suas habilidades para encontrar o sentido do viver.
O autor faz um gancho entre o agora e o antes afirmando: “ Hoje, como no passado, a tarefa mais importante e também mais difícil na criação de uma criança é ajudá-la a encontrar significado na vida”. Percebe-se o quão é importante a presença da família a cada passo que a criança dá em busca de novos significados, não só para os contos de fadas, mas para vida.
Levando em consideração, que a arte de educar perpassa o seio familiar, percebe-se que a maioria os materiais “ didáticos” e “ paradidaticos” , não trata dos significados para o mundo da criança leitora, não atribuem sentidos concretos para essa fase da vida, fazendo com que a criança não se envolvam com a leitura, consequentemente com os textos, pois a mesma não vê sentido concreto para tal. Assim o ato de ler resume na decodificação.
O autor aborda ainda, que uma estória realmente prenda a atenção da criança, deve entretê-la e despertar sua curiosidade. Mas para enriquecer sua vida, deve “estimular-lhe a imaginação”. Para que se tenha uma estória que desperte a curiosidade da criança, é preciso que aguce seu imaginário. Temos nos contos de fadas uma boa parcela de contribuição para esse aguçar das crianças, fazendo com que a povoe sua imaginação, se misturando com as personagens da literatura.
Sabe-se, e o autor ressalta bem isso, que os contos de fadas tratam de problemas universais, trazendo situações que indicam as necessidades de vencer as dificuldades e conquistar o que se deseja. Contrapondo a essa idéia de obstáculo e tendo a vitória no final, Bettelheim acrescenta há “ estórias fora de perigo, não descrevem a norte, envelhecimento, nem o desejo pela vida divina. Mas, por outro lado, há contos que estabelece a relação entre o bem e o mal, criando situações dualísticas em que sempre questiona-se a moralidade, em que a virtude deve vencer no final na figura de herói. Herói esse que atrai a criança.
Outro ponto pertinente, que o autor nos faz refletir, é que a personagem é boa ou é má, deixando bem claro para criança quem tem virtudes moral de quem não as tem. Com isso a criança vai relacionando as características e atribuindo significados para cada personagens existente nos contos, bem como para a vida.
A não ambivalência faz com a criança escolha seus modelos decidindo com qual quer se parecer. É importante que a criança leia o conto para criar seus significados e atribua-lhe nas suas experiências de vida.
Isto é, os contos não só auxiliam a criança a lidar com o presente, mas ainda a preparam para o que está por vir, a futura separação de seu mundo familiar e a entrada no universo dos adultos, como cita Bettelheim “...Os contos de fadas enriquecem a vida da criança e dão-lhes umas dimensões encantadas , exatamente porque ela não sabe absolutamente como as estórias puseram a funcionar seu encantamento sobre ela.”







PETROLINA
2009

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